Vitiligo: Não importa a cor da sua pele, ele pode se manifestar em qualquer uma
- Iasmim Santos
- 1 de fev. de 2019
- 5 min de leitura
Atualizado: 16 de abr. de 2019
Entenda como se manifesta esse distúrbio e abandone os preconceitos a respeito desta doença.

O vitiligo é uma patologia que poucos sabem como se ocasiona. No entanto o que a população costuma mais notar quando falamos nela são aquelas famosas manchas brancas na pele, o que gera desconforto em quem tem. Além disso, os indivíduos que costumam não saber a real causa sobre esta doença acabam adquirindo um preconceito sobre ela e costuma manter a distância do portador. Sentem certo desconforto em se aproximar, e devido ao medo e temor, preferem não manter proximidade com os detentores da doença, por medo de contraí-la.
Com base nesses argumentos é mais que necessário falar sobre essa enfermidade pouco comentada, mas que precisa ser desmistificada e esclarecida.
O que é vitiligo?
O vitiligo foi observado pela primeira vez em 1500 AC. Acredita-se que o termo vitiligo derive de vitelius (vitelo), do grego, e indica a semelhança das manchas brancas do vitiligo com aquelas do pêlo de um bezerro. Atribui-se o uso pioneiro do termo ao médico romano Celsus, no século II.
O vitiligo é uma doença cutânea que causa a perda gradativa da pigmentação da pele, geralmente com o surgimento de manchas brancas pelo corpo, de diferentes tamanhos e formas com tendência a aumentar centrifugamente de tamanho. Pode acometer todas as raças, ambos os sexos e aparecer em qualquer idade, com média de aparecimento ao redor dos 20 anos.
Essa dermatose apresenta frequência variável de 0,38% a 2,9% da população mundial e se diversifica conforme a região estudada. Das crianças com a doença, por exemplo, 23% a 26% têm menos de 12 anos de idade.
É impossível prever a extensão da doença ou o quanto a pessoa perderá da cor da pele. A condição pode afetar qualquer parte do corpo, até mesmo o cabelo, o interior da boca e os olhos.
É uma doença autoimune e multifatorial em que predisposição genética e fatores externos contribuem para seu aparecimento.
É transmissível?
A condição não é contagiosa e nem representa um risco para a vida de quem a possui, mas pode afetar seriamente a autoestima do paciente e pode ser uma espécie de gatilho para o surgimento de problemas psicológicos, como a depressão. O tratamento para vitiligo pode controlar e desacelerar a doença e até mesmo melhorar a aparência da pessoa, mas não depende exclusivamente do método terapêutico, e sim da reação do organismo a esse método.
Quais os públicos são mais atingidos pela doença?
A prevalência da doença varia consideravelmente entre os diferentes grupos étnicos, sendo estimada em 2% no Japão, 1% nos EUA e 0,14% na Rússia.
As mulheres são geralmente mais acometidas do que os homens, porém os estudos mais recentes sugerem prevalência igual para ambos os sexos.

Quais as causas?
Vários fatores têm sido associados à etiopatogenia (estudo das causas das doenças e dos mecanismos patogénicos que atuam sobre o organismo para provocarem essas doenças) da doença. Os principais são:
- Herança: o fator genético presente é autossômico, dominante ou recessivo e multifatorial, ou seja, com provável participação de vários genes. Aproximadamente 20% dos pacientes com vitiligo têm pelo menos um parente de primeiro grau com a doença.
- Autoimunidade: o vitiligo tem sido considerado doença autoimune devido à associação positiva com algumas doenças como tireoidites, diabetes mellitus e alopecia areata. Tem sido relatada associação com HLA - DR4; também DW7, DR1, B13, A2, B21, CW6, DR53, A19 e DR52.
- Fatores ambientais: 10 a 76% dos pacientes com vitiligo atribuem a doença a algum fator precipitante. É provável que o estresse, a exposição solar intensa e a exposição a alguns pesticidas atuem como fatores precipitantes da doença em indivíduos geneticamente predispostos.
Existem sintomas para essa doença?
O principal sinal de vitiligo é a perda da pigmentação da pele, geralmente com o surgimento de manchas por todo o corpo. Outros sinais de vitiligo incluem:
Perda de pigmentação do cabelo, cílios, sobrancelhas ou barba
Perda da cor nos tecidos que revestem o interior de sua boca e nariz (membranas mucosas)
Perda ou alteração da cor da camada interna do globo ocular (retina)
Manchas descoradas em torno das axilas, umbigo, órgãos genitais e reto.

Como ela é diagnosticada?
O diagnóstico do vitiligo deve ser feito por um dermatologista - ele irá determinar o tipo da doença, verificar se há alguma doença autoimune associada e indicar a terapia mais adequada. O diagnóstico do vitiligo costuma seguir três etapas principais:
Histórico médico e exame físico: Se o médico suspeitar que você tenha vitiligo, provavelmente lhe perguntará sobre seu histórico médico e o de sua família, além de examiná-lo para excluir possíveis outras causas, como dermatite atópica ou psoríase, por exemplo
Biópsia da pele: A biópsia cutânea revela a ausência completa de melanócitos nas zonas afetadas, exceto nos bordos da lesão, e o exame com lâmpada de Wood pode ajudar na detecção da doença em pacientes de pele branca. No entanto, de acordo com Vanessa Mussupapo, dermatologista do Hospital Santa Paula, a biópsia não é necessária na maioria das vezes - apenas quando se tem dúvida do exame clínico
Outros exames: Outros exames também podem ser solicitados pelo médico, dependendo do caso. O médico pode solicitar que você faça um exame de sangue para procurar condições autoimunes subjacentes, como anemia ou diabetes.
As principais doenças que fazem parte do diagnóstico diferencial do vitiligo são:
Alterações genéticas: piebaldismo, hipomelanose de Ito e esclerose tuberosa. O piebaldismo é uma alteração genética autossômica dominante caracterizada por máculas hipocrômicas que em geral poupam mãos e pés e que, diferente do vitiligo, à luz de Wood apresenta "ilhas" de pigmentação normal ou hiperpigmentadas no interior ou na periferia da lesão; a hipomelanose de Ito tem geralmente distribuição linear (linhas de Blashcko), e a esclerose tuberosa é geralmente acompanhada de outros sinais cutâneos, como angiofibromas e fibromas periungueais.
Doenças inflamatórias como lúpus eritematoso, sarcoidose e líquen escleroso. As lesões típicas de lúpus são facilmente diferenciadas clinicamente pela presença de atrofia e cicatriz; já no líquen escleroso, o diagnóstico é geralmente histológico.
Nevo halo: ocorre freqüentemente no tronco, em geral ao redor de um nevo juncional ou composto.
Doenças malignas como a micose fungóide: o diagnóstico é geralmente histológico, com infiltrado de células mononucleares na epiderme.
Doenças infecciosas como pitiríase versicolor, sífilis e hanseníase. Na pitiríase versicolor a luz de Wood revela fluorescência amarelo-dourada, e, à microscopia direta, observam-se hifas e esporos. O diagnóstico diferencial com a sífilis é baseado na história de úlcera genital prévia e sorologia positiva para reação treponêmica.
Desordens idiopáticas como hipomelanose gutata idiopática (HGI) e hipopigmentação pós-inflamatória. A HGI geralmente ocorre a partir da terceira década de vida, com lesões pequenas e de evolução lenta, e o diagnóstico diferencial da hipopigmentação pós-inflamatória com vitiligo faz-se principalmente pela anamnese.
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