O PAPEL ECONÔMICO DO SÃO JOÃO PARA O NORDESTE
- Iasmim Santos
- 29 de jun. de 2019
- 5 min de leitura
O mês de junho chegou e com ele chega também, o aumento dos lucros através do São João, na economia nordestina.

As festas juninas ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, não sugiram no Brasil, mas sim nos países europeus e eram chamadas de “joaninas”, em homenagem a um santo católico, o Santo João.
Na Idade Média as festas juninas surgiram para homenagear três santos populares lembrados no mês de junho. Além do São João (dia 24) comemora-se: Santo Antônio (dia 13) e São Pedro (dia 29). Santos importantes no Norte da Europa, Portugal, Espanha, França, Ucrânia, Polônia, partes do Reino Unido, Austrália e outros países de tradição cristã.
João Batista era um profeta, primo de Jesus Cristo. Segundo a tradição cristã, João foi enviado por Deus para preparar o mundo para a chegada de Cristo. Quando sua mãe Isabel engravidou, ela e o marido Zacarias já haviam passado muito da idade de ter filhos. E o nascimento do santo católico também coincidiria com o solstício de verão (inverno na América do Sul) quando as populações do campo festejavam a proximidade das colheitas e, para afastar os 'demônios', faziam sacrifícios acendendo fogueiras.
Por isso é tão característico a presença das fogueiras nos festejos juninos observados pelo país.
BRASIL
E no Brasil o início dos festejos Juninos foi trazido pelos colonizadores portugueses e tornaram-se com o passar do tempo parte do folclore nacional, por trazerem características de várias regiões do país, especialmente no Nordeste, onde surgiram os costumes da roupa caipira e das comidas feitas com milho.
Além de outros símbolos como bandeirinhas coloridas, barracas de comidas típicas, fogos de artifício e as danças de quadrilha, tão populares quanto o carnaval.
Significados de símbolos juninos:

Fogueira: é uma “cristianização” do costume pagão de acender uma fogueira no dia 25 de junho, em celebração ao Solstício de Verão.
Balões e fogos: tradição em Portugal serve para “despertar” São João Batista. Os portugueses amarram papéis com pedidos nos balões, proibidos no Brasil devido ao alto risco de incêndio.
Mastro de São João: também vem de uma festa pagã onde se levantava o chamado “mastro de maio”. Hoje carrega uma bandeira com a imagem do santo e é carregado de simbolismo cristão.
Quadrilha: era uma dança de salão francesa, trazida ao Brasil pelos nobres do século XIX – que copiavam tudo o que fosse moda em Paris. Aqui, fundiu-se a ritmos locais e caiu no gosto da população rural.
As festas também são muito populares no interior de São Paulo, com pequenas adaptações culturais, como a animação por músicos sertanejos no lugar do forró nordestino.
NORDESTE
Apesar de todo o Brasil comemorar as festas juninas, é na Região Nordeste que elas são mais difundidas. Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco, são cidades famosas por suas festas e concursos de quadrilhas. E na Bahia, por exemplo, o São João movimenta todas as suas 417 cidades.
As roupas para dançar quadrilha é um espetáculo à parte. Os homens, vestidos de camisas xadrez, e as mulheres, de vestidos de chita coloridos e chapéus de palha, retratam um Brasil caipira.
Comidas Típicas e a Agricultura Nordestina

No Nordeste, a culinária junina é essencialmente brasileira, a mandioca, a laranja, o amendoim e jenipapo reinam neste período do ano. E não tem como não falar nesta festa sem citar o milho, protagonista das mesas de guloseimas no São João.
O milho é o rei das mesas juninas e está presente em quase todas as receitas típicas: bolos, canjicas, mungunzás, pamonhas, broas, ou simplesmente in natura, cozido ou assado.
E esperam-se que não faltem espigas este ano nas feiras e mercados, afinal, as estimativas divulgadas pela CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) demonstra que a safra de grãos, deve ter a segunda maior colheita de milho, com 95 milhões de toneladas. O milho impulsionou a produção de grãos no Brasil, que pode chegar a 236,7 milhões de toneladas, 900 mil abaixo do recorde registrado em 2016/2017.
Cabe destacar que segundo a Confederação Nacional da Agricultura, 75% do milho produzido no Brasil tem como destino a alimentação animal, principalmente de aves e suínos; 8% vão para pecuária e indústria de sementes. E o São João, é um período para aquecer a economia dos produtores rurais que cultivam não só para as agroindústrias fabricantes de biodiesel, ração, farelo e derivados, mas também às nossas mesas.
Feira do Milho
E quem gosta de comprar bem antes da festa começar, em Natal no Rio Grande do Norte, a “Feira do Milho” será aberta oficialmente no dia 27 de maio, na Central Agricultura Familiar e Economia Solidária (Cecafes). Segundo os organizadores, a previsão é de que este ano as vendas aumentem 80% em relação ao ano passado, devido ao crescimento na produção com as chuvas em 2019.
Este ano, o espaço contará com 14 comerciantes, que trarão o milho de municípios como Macaíba, Ceará Mirim, Pedro Velho, Assu, Ipanguaçu, Touros, Carnaubais, São José de Mipibu e Nísia Floresta.
O preço poderá variar de R$ 20 a R$ 25 a mão de milho (50 espigas). Todos os comerciantes ficarão disponíveis na “Feira do Milho” até o dia 1º de julho, mas dependendo do movimento alguns poderão estender suas vendas até o dia 15 de julho.
Aumento da Renda

Aliar o São João ao aumento da renda é o que muitas pessoas fazem nesta época. Como por exemplo, a fabricação de roupas, artigos juninos e venda de bebidas e drinks como:
Licor de Jenipapo
Usada pelos índios para pintar o corpo, a fruta atualmente é mais famosa por causa do São João. O licor de jenipapo é um dos ícones da festa junina.
A fruta do jenipapeiro, cujo nome científico é jenipapo americana, gera uma das mais apreciadas bebidas do Recôncavo. Lá, são produzidas de forma artesanal, em tonéis que ficam em infusão por até um ano. Os preços, assim como a maneira de fabricação, variam.
Jurubeba Leão do Norte
Lançada em 1920 e vendida originalmente em farmácias, a Jurubeba Leão do Norte é uma mistura de vinho tinto seco com um macerado de erva jurubeba, cravo, canela, quássia, boldo e genciana. O gosto meio doce, meio amargo, é responsável por um efeito definido no site do fabricante como “revigorante”.
A fábrica nasceu em Feira de Santana e, 12 anos depois, foi transferida para Salvador. Hoje, ocupa um terreno de 59 mil metros quadrados, no Centro Industrial de Aratu, em Simões Filho. A graduação alcoólica é de 17% e a garrafa, de 600 ml, é a mesma utilizada pela indústria cervejeira. Preço a partir de R$ 8.
Festas e programações
Alcymar Monteiro, Solange Almeida e o grupo de forró paulista Falamansa estão entre as principais atrações da festa junina de Mata de São João, na região metropolitana de Salvador. O evento será realizado de 20 a 24 de junho.
Mais de 40 artistas vão se apresentar na festa. De acordo com a prefeitura da cidade, a grade de atrações ainda não foi fechada. A prefeitura informou que espera atrair entre 30 e 40 mil visitantes para a cidade, durante a festa.
Já quem for pra Cachoeira, cidade localizada a cerca de 116km de Salvador, no São João irá curtir show de artistas como Luan Santana, Calcinha Preta, Estakazero, Ferrugem e La Fúria.
Em Feira de Santana, cerca de 100 km de Salvador contará com Adelmário Coelho, Cangaia de Jegue e Canindé entre as atrações dos quatro dias de festa em celebração a São João e a São Pedro.
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