Análise fundamentada na teoria Funcionalista.
- Iasmim Santos
- 13 de dez. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 22 de dez. de 2018
Referente ao escândalo com o Facebook e a empresa Cambridge Analytica (CA).

A priori, o Funcionalismo considera a sociedade como um conjunto de sistemas interligados. Visto isso, e com base em funções da mídia, observadas por Merton, Lazarsfeld e Lasswell; a função de reforço de normas sociais, cujo objetivo é tornar público os comportamentos privados, e também a função de vigilância sobre o meio, serão, referências desdobradas neste ensaio. Em consonância, será analisado o escândalo da empresa Cambridge Analytica (que combina mineração e análise de dados com comunicação estratégica) em especial, no mês de março de 2018, envolvendo uma das redes sociais mais famosas, o Facebook.
A moral pública, as regras e as normas estabelecidas na sociedade de como devemos nos comportar, relacionar-se e viver, reforça os padrões contra a moral. Assim, pode-se observar o esquema de corrupção da Lava Jato, descoberto em 2014, tornando-se público através da mídia, no Brasil. Bem como, para Harold Lasswell (1972) “ao transmitir informações das partes para o controle central, os meios de comunicação garantem a vigilância do centro sobre os componentes, evitando elementos hostis, assim como as células brancas eliminam os corpos estranhos”.
À primeira vista, o canadense Christopher Wylie, foi essencial para a investigação conduzida pelos jornais. Ex-funcionário da Cambridge Analytica, ele revelou que a empresa utilizou dados pessoais de usuários do Facebook para construir perfis psicológicos com o objetivo de alvejar os eleitores com os anúncios e matérias. Com isso, Wylie teve sua conta do Twitter bloqueada pelo fato de divulgar essas informações secretas, então ele resolveu ir a público falando ao The New York Times e ao The Guardian, sobre as práticas de seu ex-empregador.
Foi descoberto, então, o uso indevido das informações pessoais de mais de 50 milhões de perfis do Facebook, que teria tido origem numa pesquisa da rede social, elaborada por Alexandre Kogan, cuja pesquisa faz perguntas sobre a personalidade de usuários. Cerca de 270 mil pessoas participaram, no entanto, para responder, elas precisavam permitir que o realizador da enquete acessasse seus perfis na rede social e o de seus contatos. Assim Kogan, acabou tendo acesso a um imenso banco de dados e os transmitiu à Cambridge Analytica que os adquiriu de forma irregular e não autorizada.
Lembrando que a empresa CA, está sob holofotes desde o mês de março quando os jornais The New York Times e The Guardian revelaram o esquema de manipulação eleitoral envolvendo a coleta de dados de milhões de usuários do Facebook, a fim de manipular a opinião pública a favor do então candidato republicano Donald Trump. Ao revelarem desvios ou situações sociais discordantes, estão a apontar ou projetar o conformismo, sendo assim, esses veículos reforçam as normas sociais, bem como diz a função de Paul Lazarsfeld e Robert Merton. E cabe destacar também, as ideias de Habermas, teórico frankfurtiano, quando diz “Uma vez lançada ao debate público, um pensamento poderia ser apoiado ou contrariado, mas não ignorado” (1984, p. 63.).
Contudo, o Facebook revelou no dia 4 de abril que o número de usuários que tiveram seus dados coletados envolvendo a companhia de inteligência, Cambridge Analytica, é próximo de 87 milhões, a empresa afirmou que começará a avisar as pessoas afetadas a partir do dia 9 de abril. Em resposta ao escândalo, o Facebook decidiu mudar várias regras dentro da empresa e uma delas, inclui um maior controle e restrições de acesso a certos dados pessoais (como religião, status de relacionamento, formação) solicitados por aplicativos de fora da rede social.
Em síntese, as atitudes e comportamentos mostrados nas telas de cinema e da televisão (a exemplo, temos a série O Mecanismo, que baseada na operação lava jato, conta como se desenrolou o novelo do maior escândalo de desvirtuação do país, mostrando para o mundo como funciona a corrupção. Criada pelo diretor José Padilha, que dirigiu filmes como ex.: Tropa de Elite que gerou grande debate na mídia brasileira), para Merton e Lazarsfeld, ganham força de verdade junto ao público, e pode ser visto como uma nova forma de controle e coerção sob o indivíduo. E em conjunção, porque não citar o Wikileaks, não é mesmo? Uma organização que existe desde o final de 2006 e que desde o começo tinha como pretexto ser o grande “dedo duro” do mundo. Divulgando documentos secretos de empresas e governos. A organização pretendia “democratizar” a informação.
Observa-se, então, a importância da mídia em tornar algo que antes se encontrava no âmbito privado, distante da esfera pública, “viral”; indo até para a esfera judicial. Cabe salientar, que quando envolve valores éticos e sociais, cabe aos indivíduos analisar criticamente as ocorrências e consequências dos relatos expostos. Ademais, muitos fatos só passam a existir perante o público através da divulgação midiática, cabendo assim, a sociedade filtrá-los corretamente. Destarte, é importante visualizar de uma maneira ampla as formas como determinadas teorias servem para nos moldar, alertar ou nos tirar da inércia.
Referências:
HABERMAS, J. Mudança estrutural na esfera pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
LASSWELL, H. Estrutura e função da comunicação na sociedade. In: COHN, G. Comunicação e indústria cultural. São Paulo: Pioneira, 1972, p.105-117.
Merton, R. & LAZARSFELD, P. “Comunicação de massa, gosto popular e estrutura social organizada”. In: COHN, G. Comunicação e indústria cultural.
UOL notícias Tecnologia. Facebook diz que dados da maioria de seus usuários estiveram vulneráveis. 2018. < https://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/04/05/facebook-diz-que-dados-da-maioria-de-seus-usuarios-estiveram-vulneraveis.htm> Acesso em: 11 de abril. 2018
Entenda o caso - Caso Lava Jato.<http://www.mpf.mp.br/para-o-cidadao/caso-lava-jato/entenda-o-caso> Acesso em: 11 de abril. 2018.
MIDIATISMO. O que é o Wikileaks e por que ele incomoda tanta gente?.2010. <https://www.midiatismo.com.br/o-que-e-o-wikileaks-e-por-que-ele-incomoda-tanta-gente> Acesso em: 11 de abril. 2018.
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